quarta-feira, 25 de julho de 2012

Um mês do golpe no Paraguai


No domingo passado o Partido Comunista do Brasil participou da jornada de solidariedade ao Paraguai, em Assunção. O evento foi organizado pelo Fórum de São Paulo para marcar o primeiro mês do golpe de Estado que derrubou o presidente legitimamente eleito do país, Fernando Lugo. O PCdoB esteve representado por Rubens Diniz da Comissão de Relações Internacionais.

A reunião da Frente Guazú — que reúne forças políticas de esquerda e movimentos sociais do país — foi liderada pelo ex-presidente Lugo e realizada com o objetivo de debater a situação política do Paraguai e os rumos da resistência de agora em diante, além de avaliar a situação jurídica e a repercussão internacional do golpe de Estado.

Unidade política para 2013

Em sua fala, Lugo colocou como centro da questão o desafio de construir a unidade política para 2013. “Não se trata de esquecer, de abrir mão de denunciar o golpe, trata-se de se preparar para a próxima batalha, de construir as condições legais para que o pleito de 2013 ocorra em condições normais e que a força do processo de mudanças se veja expressa tanto no parlamento como com um candidato à presidência com condições de disputar as eleições”, disse.

Realizando uma avaliação de todo o processo iniciado antes de sua vitória em abril de 2008, Lugo afirma que “nós começamos ao contrário do processo nos países de vocês. Elegemos uma pessoa, mas não havia uma força política capaz de dar sustentação. Nosso desafio agora é construir a unidade, fortalecer uma ferramenta que seja capaz de eleger inúmeros senadores, deputados e ter um candidato que dispute as eleições. Podemos ter a maior bancada no parlamento em 2013. Nossa batalha apenas iniciou, ela terá avanços e retrocessos, sombras e luzes; mais estamos seguros que vamos a vencer.”

O Paraguai pós-golpe

Durante o evento foi destacada a questão dos setores vinculados a terra, grandes produtores de soja, que buscam manter intactos seus privilégios, como o de não pagar imposto pela produção do produto agrícola.

Outro ponto ressaltado é que existe grande descontentamento nas bases tanto do Partido Liberal, como do Partido Colorado com o golpe. A situação faz com que a resistência não seja marcada pela disputa entre direita e esquerda, mas sim ente os golpistas e os que defendem a democracia e a soberania do voto popular. A palavra de ordem é democracia versus golpismo.

Sobre a questão do julgamento político que destituiu Lugo, foi realizada uma análise passo a passo do processo e de como ele estava viciado: até hoje as atas das sessões da câmara e do senado que realizaram o julgamento não foram entregues aos advogados de defesa, dificultando o trabalho.

As eleições de 2013 causam preocupação. Os participantes alertaram que as garantias para as eleições de 2013 não estão dadas. De acordo com Emiliano Camacho, um dos advogados do presidente Lugo, podem ocorrer outros julgamentos políticos com o intuito de retirar os direitos políticos de importantes lideranças da Frente Guazú para não possam concorrer às eleições no ano próximo.

Para o ex- chanceler, Jorge Lara Castro, o golpe no Paraguai é uma tentativa de desestabilizar o processo de integração regional. Segundo ele, as oligarquias locais querem ajudar na implementação da agenda da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) — os acordos de livre comércio— retorne à região. Para Castro, o intuito do golpe é acabar com o Mercosul.

Solidariedade internacional

O representante do PCdoB, Rubens Diniz, reafirmou a solidariedade das forças progressistas e democráticas do Brasil com o processo paraguaio. Destacou que o PCdoB esteve nos dias do golpe em Assunção, e que naquele mesmo dia o Partido participava em São Paulo de um ato em solidariedade a resistência.

Para Diniz, o golpe foi, em certa medida, uma ação contra o Mercosul. Assim, destacou que os setores da oligarquia não contavam com o respaldo internacional que o presidente Lugo teve. A presença dos chanceleres da Unasul, e logo em seguida a principal sansão contra estes setores foi a incorporação da Venezuela no Mercosul.

Deixando uma mensagem de esperança e de força, o representante do PCdoB afirmou acreditar que o processo iniciado em abril de 2008, não tem mais volta, que com unidade as forças que atuam na Frente Guazú podem dar uma resposta a altura aos setores da oligarquia, construindo uma terceira força política, rompendo desta forma com o tradicional bipartidarismo.

Jornada de solidariedade 15 de agosto

A reunião aprovou a realização de um grande encontro de solidariedade a ser realizada no dia 15 de agosto, no Paraguai. Esta data marca os quatro anos de governo do presidente Fernando Lugo. Deverá ser realizado um balanço de sua gestão acompanhado de um grande ato político cultural. Para tanto pediu apoio aos partidos do Fórum de São Paulo para a convocação de personalidades, movimentos juristas para conhecer e debater o ocorrido no Paraguai no último período.

Da Redação do Vermelho, com informações da Secretaria de Relações Internacionais do PCdoB

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