Assunção, (Prensa Latina) A assinatura pelo governo
paraguaio do primeiro acordo público com a multinacional Rio Tinto Alcán encheu
de justificativas oficiais e de protestos populares na semana que termina neste
país.
O documento inicial subscrito
e o único divulgado sobre as intensas negociações entre as duas partes acusadas
de um raro secretismo pela oposição veio a confirmar alegados repetidos pelas
organizações sociais e obrigou ao Executivo a pôr em andamento uma grande
campanha publicitária.
O presidente Federico Franco
concedeu mais entrevistas que nunca aos meios de comunicação para assegurar
desde os supostos benefícios da instalação da planta produtora de alumínio até
o apontamento do governo anterior como iniciador das tratativas.
No entanto, o entendimento
publicado colocou em evidência para aqueles que se opõem à tão debatida
operação vários pontos importantes e alimentaram o desenvolvimento de mais
protestos públicos e outras análises de especialistas.
Em primeiro lugar, aceitou-se
que o terreno para a instalação da conflituosa planta será cedido pelo Estado
paraguaio, em um lugar próximo a rios com água abundante e com acessos
convenientes.
Envolvido no argumento de
preço diferenciado, o próprio Franco confirmou que a grande quantidade de energia
que a Rio Tinto precisará lhe custaria à multinacional entre 30 e 60 dólares
megawatt/hora, um amplo leque de preço se se leva em conta o custo de produção
de 60 dólares.
O governo teve que confessar
que a anunciada grande quantidade de novos empregos que a planta
eletrointensiva iria gerar não se ajustava à realidade e insistiu, por sua vez,
no possível logro de constituir um parque industrial ao redor do lugar, mas sem
elementos concretos sobre sua materialização.
Também o publicado permitiu
comprovar a inexistência de qualquer estudo meio ambiental prévio sobre o
projeto, algo reclamado insistentemente pelas entidades sociais.
Neste ponto as críticas
aumentaram depois de se saber que a Rio Tinto recebeu quatro multas impostas
por autoridades do Canadá, precisamente do país sede do escritório central da
multinacional, por jogar em rios e terrenos substâncias perigosas inclusive
para pessoas.
Definitivamente, os fatos dos
últimos dias, incluindo a divulgação do denominado pré-acordo, só serviram para
que o amplo setor oposto à chegada da Rio Tinto ao território nacional
anunciasse o aumento de suas ações de repudio no ano que vem chegando.
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