Assunção, (Prensa Latina) A tensão mantém-se na localidade paraguaia de
Saltos do Guairá, no leste do país, depois que mil camponeses se negaram a
acatar uma ordem da promotoria para abandonar hoje as terras que ocuparam
ali. O alto número de camponeses e seus familiares, que reclamam hectares
para viver e trabalhar chegou à noite do passado sábado aos terrenos da fazenda
de um colono brasileiro e foram recebidos com disparos por seguranças privados
e a polícia, com o balanço de oito feridos.
Apesar
disso, os camponeses, entre os quais há numerosas mulheres e crianças, não
detiveram seu avanço e fizeram retroceder os guardas, de acordo com o informado
por correspondentes da imprensa local.
Imediatamente
depois, iniciaram a colocação no lugar a mais de 300 tendas nas quais se
instalaram com a decisão de permanecer até que lhes fossem entregues as terras,
reclame feito há vários anos sem solução oficial alguma.
O
promotor Diosnel Giménez esteve na fazenda acompanhado por uns 150 policiais,
teve reuniões com os dirigentes dos "tendeiros", como são conhecidos
popularmente por viverem em tendas nas adjacências dos latifúndios que
consideram irregularmente apropriados por atuais donos.
Posteriormente,
declarou ontem à noite à imprensa que os camponeses recusaram a ordem de
abandonar a propriedade do colono brasileiro e ameaçaram resistir diante de
qualquer tentativa de despejo.
Giménez
impôs-lhes um prazo de 24 horas para retirar-se pacificamente do lugar, depois,
se procederia ao mencionado despejo com a intervenção da força pública.
Ao
próprio tempo, e pela via civil, a advogada do colono João Carlos Bernardes
apresentou um pedido para que se proceda à reintegração do lugar aos mil
camponeses e seus familiares.
As terras
ocupadas encontram-se cerca de Montes Corumbí, palco em junho passado de um
confronto entre policiais e camponeses ao praticar-se uma ordem de reintegração
de posse, o que terminou com a morte de 11 camponeses e seis policiais,
causando uma comoção nacional.
Milhares
de camponeses sem terras encontram-se vivendo em tendas na zona do leste do
país e em outros departamentos do Paraguai reclamando há anos a cessão de
terrenos que consideram improdutivos por seus atuais titulares.
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